Sítio Roberto Burle Marx: Patrimônio Cultural, Paisagístico e Científico

Resumo O Sítio Roberto Burle Marx, localizado na Barra de Guaratiba, Rio de Janeiro, é uma das mais importantes referências em paisagismo modernista no Brasil e no mundo. O local abrigou a residência e o espaço de experimentação do renomado paisagista Roberto Burle Marx, e hoje é reconhecido como patrimônio cultural pela UNESCO. Este artigo explora a história do sítio, sua importância para o paisagismo, botânica e conservação ambiental, além de sua influência no cenário arquitetônico e ecológico global.

1. Introdução Roberto Burle Marx (1909-1994) foi um dos mais influentes paisagistas do século XX, combinando elementos da arte, arquitetura e ecologia para criar espaços inovadores. Seu sítio, que ele adquiriu em 1949, tornou-se um verdadeiro laboratório vivo para seus experimentos com a flora brasileira e internacional. Em 1985, Burle Marx doou a propriedade ao governo brasileiro, garantindo sua preservação e uso para estudos botânicos e culturais.

2. Contexto Histórico e Desenvolvimento do Sítio O local onde está situado o sítio possui uma história que remonta ao período colonial, quando era conhecido como Engenho Santo Antônio da Bica. A propriedade, utilizada inicialmente para a produção de cana-de-açúcar e agricultura de subsistência, passou por diversas transformações antes de ser adquirida por Burle Marx.

Com a compra do terreno, Burle Marx iniciou um processo de revitalização e transformação do espaço, criando um jardim experimental, estufas para cultivo de espécies tropicais, e a preservação de estruturas históricas, como a Capela de Santo Antônio da Bica, do século XVII.

3. Importância para o Paisagismo e Arquitetura O Sítio Roberto Burle Marx se destaca como um dos mais significativos exemplos da interação entre paisagismo e meio ambiente. Entre as principais características da abordagem de Burle Marx estão:

• Uso inovador de espécies nativas brasileiras em projetos paisagísticos;
• Organização dos espaços baseada em formas geométricas e movimento natural das plantas;
• Criação de corredores ecológicos e micro-hábitats para conservação da biodiversidade;
• Integração entre arte plástica e projeto paisagístico, tornando o espaço um grande museu vivo.

4. Biodiversidade e Conservação Ambiental O sítio abriga uma coleção botânica de mais de 3.500 espécies de plantas tropicais e subtropicais, incluindo exemplares raros e ameaçados de extinção. Seu papel na pesquisa e conservação ambiental se manifesta em diversas iniciativas, como:

• Estudos de adaptação de espécies em diferentes climas e solos;
• Propagação de espécies para reintrodução em áreas degradadas;
• Projetos educativos voltados à consciência ambiental e preservação da flora brasileira.

5. Reconhecimento Internacional e Patrimônio da UNESCO Em 2021, o Sítio Roberto Burle Marx foi reconhecido como Patrimônio Mundial da UNESCO, destacando-se como um dos únicos espaços paisagísticos modernistas a receber essa honraria. Esse reconhecimento reafirma a importância do sítio não apenas para o Brasil, mas para o mundo, consolidando-o como uma referência para a pesquisa e prática do paisagismo sustentável.

6. Conclusão O Sítio Roberto Burle Marx é um legado imensurável para o paisagismo, a botânica e a conservação ambiental. Seu impacto transcende o campo da arquitetura paisagística, influenciando a ecologia, o urbanismo e a arte. A continuidade de pesquisas e a manutenção do sítio garantem que sua herança permaneça viva, servindo como inspiração para as futuras gerações.

Bibliografia

• Cavalcanti, L. Roberto Burle Marx e a Modernidade do Paisagismo no Brasil. Editora Cobogó, 2019.
• Heizer, R. Burle Marx: The Lyrical Landscape. University of California Press, 2001.
• Turner, T. Garden History: Philosophy and Design 2000 BC – 2000 AD. Routledge, 2011.
• Sítio Roberto Burle Marx. História e Patrimônio. Disponível em: https://sitioburlemarx.org
• UNESCO. Sítio Roberto Burle Marx – Patrimônio Mundial. Disponível em: https://whc.unesco.org/en/list/1620